resumo Zero, de Loyola Brandão, é um romance que desperta desconforto e estranhamento em seus leitores. A violência e o caos, tanto temáticos quanto estéticos, e o próprio procedimento de composição a partir de fragmentos e retalhos, são elementos que causam esse estranhamento. Nesse artigo, partimos da hipótese de que a voz experimental que rege o texto de Zero luta não somente contra a Ditadura Militar brasileira (seu contexto histórico), mas sim se insere numa esteira de obras que, histórica e perpetuamente, posicionam-se contra um discurso - ou qualquer discurso - de opressão. Nosso diálogo crítico se foca na composição estético-estrutural de Zero e nas suas consequências crítico-políticas. Portanto, optamos por trazer à tona a relação entre essa obra e a experimental e libertária técnica literária desenvolvida por Burroughs e Gysin, tentando enxergar, assim, Zero enquanto uma espécie de romance cut-up.
abstract Zero, by Ignácio de Loyola Brandão, is a novel that generates discomfort and estrangement in its readers. Violence and chaos, both thematic and aesthetic, and its manner of composition: a collage of fragments and scraps, are elements that cause this estrangement. In this article, we propose that the experimental narrative voice that prevails in Zero text not only struggles against the Brazilian Military Dictatorship (the text’s historical context), but is also part of a lineage of works that, historically and in principle, are positioned against an oppressive discourse. Our critical dialogue focuses on the aesthetic and structural composition of Zero and its critical-political consequences. Therefore, we establish a correlation between this work and the experimental and libertarian literary technique developed by Burroughs and Gysin, proposing to read Zero as a type of cut-up novel.
resumen Zero, de Loyola Brandão, es una novela que provoca incomodidad y extrañeza en sus lectores. La violencia y el caos, tanto temáticos como estéticos, e incluso el procedimiento de composición desde fragmentos y trozos, son elementos que causan extrañeza. En este artículo, se parte de la hipótesis de que la voz experimental que rige el texto Zero no sólo lucha contra la Dictadura Militar Brasileña (su contexto histórico), sino que es parte de una serie de obras que, histórica y perpetuamente, están posicionadas en contra de un discurso - o cualquier discurso - de la opresión. Nuestro diálogo crítico se centra en la composición estética y estructural de Zero y en sus consecuencias crítico-políticos. Por lo tanto, se optó por comentar la relación entre este trabajo y la técnica literaria libertaria y experimental desarrollada por Burroughs y Gysin, tratando de ver Zero como una especie de novela de cut-up.